Quando você está com alguma dúvida, aonde busca a resposta? Internet? Livros? Amigos?
Acredito que quase a totalidade das pessoas que respondem a esta questão, lembram-se dos sites
‘Mas por que esta Psicóloga está falando de sobre isso?’ Imagino que esta deva ser sua dúvida neste momento. Vou lhe contar…
As consequências de termos informações de forma rápida e fácil são diversas. Conseguimos nos conectar com pessoas em todos os cantos do mundo; acessamos conteúdos que, antigamente, talvez, fossem desconhecidos; acompanhamos as mudanças econômicas, políticas e ambientais a nível mundial e, também, acessamos conteúdos sobre assuntos diversos, desde culinária à medicina.
O fato é que o acesso fácil e livre deste mundo de conteúdos tem trazido muita angústia às pessoas. O acúmulo de informações é notável, todos sentem-se cada vez mais esgotados e cansados. O estresse geral é evidente. Com certeza, o tema “sobrecarga de informações” seria um motivo relevante para discutirmos, mas, a verdade é que eu quero falar sobre saúde mental.
Vamos fantasiar! Imagine Maria, uma personagem fictícia…
Maria tem estranhado a forma como tem se comportado, há algum tempo tem se sentido diferente. Ao seu redor, amigos e familiares descrevem que ela tem feito coisas “que antes não fazia”, “fora do padrão”, diferentes do “esperado”. Para eles, Maria “não está normal”. Angustiada com sua situação e, também, bastante incomodada, procura na Internet informações sobre o modo de vida que tem levado.
Aguçada pelo espanto e curiosidade, Maria continua abrindo links em busca de diferentes informações e, em pouco tempo, encontra um nome para seu “jeito de ser”. Estes nomes são os famosos e temidos diagnósticos, que muitas vezes causam estranhamento nas pessoas.
[Vamos nos ater aos diagnósticos psiquiátricos]
Tente imaginar, agora, a angústia de Maria que, ao identificar seus comportamentos descritos num blog, vai em busca de outros conteúdos sobre o “recém diagnóstico” feito via Internet. Sem muito esforço, encontra depoimentos bastante assustadores de diversas pessoas que alegam ter o transtorno. Depara-se também, com diversas “dicas” de tratamentos farmacológicos e comportamentais. Após algumas leituras, sente-se exausta e perdida com tantas informações.
Maria encontrou um nome para o modo como tem se comportado e para os sentimentos que tem sentido. Ela também leu uma porção de coisas a respeito deste “diagnóstico” e está imaginando os possíveis problemas que terá por isso. Medo, angústia, insegurança e vergonha são sentimentos que Maria, provavelmente, sentiu após esta pesquisa.
O que acontecerá depois deste “autodiagnóstico”?
Chegamos agora ao ponto mais importante deste texto. As consequências do “autodiagnóstico” são diversas e depende exclusivamente da história de vida de cada um. Vamos nos atentar a experiência de Maria: após a busca na Internet, ela poderá motivar-se a consultar um profissional da saúde e, adequadamente, passar por avaliação. Assim, será encaminhada para um bom tratamento, se necessário, ou descartará a possibilidade de um “transtorno”.
Porém, ao contrário de Maria, outras pessoas poderão assustar-se com a possibilidade de ter um diagnóstico psiquiátrico e, fugindo desta provável realidade, deixarão de consultar profissionais adequados.
Maria representa diversos clientes que chegam aos nossos consultórios apavorados, inseguros e envergonhados com o seu “autodiagnóstico”. Estes clientes repetem diversas informações que não condizem com a realidade; acreditam piamente no que leram, se rotulam e, por consequência, desacreditam na mudança. Então, nosso trabalho é desmistificar possíveis erros, orientar e auxiliar o cliente na busca de uma avaliação adequada e, muitas vezes, ajudá-lo a excluir a fantasiosa ideia de que tem um transtorno incurável.
Veja bem, não quero dizer que a internet é algo ruim. De forma nenhuma… inclusive, com o fortalecimento da cultura de produção de conteúdo, muitas pessoas têm buscado ajuda. No entanto, o conteúdo da internet deve ser usado com cuidado e parcimônia, pois a partir dele podemos criar muitas expectativas e verdades errôneas. Qualquer diagnóstico deve ser feito com base em muitos critérios, há um percurso a ser percorrido até que o médico ou outro profissional da saúde encontre “um nome” para determinado padrão. Se identificar com diversos quadros é muito comum quando começamos a ler sobre qualquer transtorno, por isso há maneiras adequadas de fazer um diagnóstico.
Embora haja semelhança no modo como as pessoas com determinado diagnóstico se comportam (há um padrão), a história de vida de cada um é determinante para muitos aspectos. Mediante diversas informações acessadas, é difícil filtrar o que pode ser útil pra você naquele momento. Mais difícil, ainda, é filtrar o que é verdadeiro ou não. Por isso, cuidado! Não se angustie à toa, nem preocupe-se por antecedência.
Se você leu algo e se identificou, não se feche! Busque um bom profissional para te orientar e traçar uma linha de tratamento. Saúde mental deve ser levada a sério! Somente assim, os preconceitos e ideias errôneas diminuirão!
Caso desconfie de algum tipo de transtorno, coloco-me à disposição. Podemos conversar com mais calma e de forma cuidadosa. Basta clicar aqui e entrar em contato comigo!
Abraço carinhoso,
Mari