Razão ou Emoção?

Você já se questionou sobre qual o seu perfil comportamental: racional ou emocional?
Já se sentiu mal por se considerado emocional demais ou alguém já chamou sua atenção por você resolver tudo de forma muito racional?
Acredito que a maioria das pessoas tenha se identificado com essas questões, em alguma medida.  É muito comum estarmos preocupados com o nosso perfil comportamental e, discussões como essa, tendem a acontecer em algum momento da vida, sobretudo em ambientes organizacionais. Afinal, o modo como tomamos nossas decisões impacta diretamente em nossos relacionamentos.

O objetivo deste texto não é traçar um perfil para que você tente se encaixar, pois nosso repertório comportamental (o que sabemos fazer) é bastante complexo e não se resume nestas definições. No entanto, é importante pensarmos a respeito, pois essas discussões acontecem rotineiramente em nosso ciclo social.

Socialmente, considera-se uma “pessoa racional” aquela que resolve problemas de forma bastante lógica, demonstrando pouco sentimento, prevendo erros e consequências a curto, médio e longo prazo. Ela tende a ser mais
pragmática no modo como se relaciona com o mundo e com as pessoas. Além disso, é comum termos dificuldade em compreender e prever como uma pessoa “racional” se sente, pois pouco compartilham seus sentimentos.

Em contrapartida, as pessoas consideradas “emocionais/sentimentais” tendem a demonstrar o que sentem na maioria das situações.  Algumas choram mais e emocionam-se com maior facilidade. É comum que tomem decisões baseadas no que estão sentindo e “abalem-se” com os problemas do dia a dia em maior frequência, quando comparadas às outras pessoas.

Guardadas as devidas proporções, se comportar conforme cada um destes perfis produz diferentes consequências.

As pessoas ditas como racionais resolvem problemas com menos sofrimento e de modo prático.  Gastam menos tempo pensando no que estão sentindo e, via de regra, avançam para a ação, o que é muito positivo, em termos de resolução de problemas. Também há menos sofrimento envolvido nas adversidades do dia a dia, sendo esta uma das vantagens que pessoas racionais descrevem. Por outro lado, tendem a afastar muitas pessoas de seu convívio,  por não demonstrarem o que estão sentindo, ou parecerem “frias”. Em certa medida,  tendem a esquivar do que sentem e acabam por deixar de vivenciar muitas sensações produzidas pelas experiências do dia a dia.

Falar e demonstrar o que pensa/sente costuma ser uma característica que desperta admiração em muitas pessoas. Nao são raros elogios como “Maria é muito transparente, se está triste ou com raiva, logo demonstra, não é falsa “. Tenho certeza que você já ouviu alguém falar assim de outra pessoa.

Pois bem, apesar de pessoas “verdadeiras” ou “transparentes” serem muito admiradas pelo grupo social, os considerados “sentimentais” acabam por serem banalizados a longo prazo. Inicialmente podem ser compreendidos como verdadeiros, mas, após alguma convivência,  o ambiente tende a avaliar tamanha demonstração de sentimento como algo negativo.  Estas pessoas podem perder companhias e amizades por serem intensas demais. Em alguns casos, os “sentimentais” chegam a perder, inclusive,  oportunidades de trabalho ou cargos específicos. No entanto, as pessoas emocionais tendem a viver e sentir suas experiências de modo intenso e envolvente, sendo esta uma característica louvada por elas.

De modo geral, há consequências boas e ruins para os dois perfis.

Novamente eu digo, não necessariamente precisamos nos encaixar em um desses perfis, pois nossos comportamentos compreendem muito mais que ações “racionais” ou “emocionais”, é preciso entender o contexto em que ele acontece. A discussão é válida,  sobretudo, para entendermos a importância de equilibramos nosso lado emocional e racional. Há momentos em que decisões precisam ser tomadas de modo prático,  racional. E, também,  há momentos em que o lado emocional é importante, principalmente quando o assunto é relacionamento.

Costumo dizer que o lado emocional e o lado racional  precisam se conversar, andar de mãos dadas, tomar um chá, porque ambos são importantes para nossas tomadas de decisões e escolhas do dia a dia. É importante que haja equilíbrio, muito embora, este não seja tão fácil de encontrar. É preciso colocar atenção sobre nosso modo de se relacionar, tentando prever as consequências do nosso comportamento sobre quem nos cerca (impactos nos outros). Um exercício diário e árduo, mas que pode ser muito útil na busca deste equilíbrio.

Não deixe de buscar ajuda especializada, caso esteja difícil encontrar meios para modificar seus comportamentos.  A Psicoterapia é muito importante em processos de mudanças comportamentais. Na relação terapêutica você encontrará segurança e auxílio para alcançar as mudanças desejadas (Leia mais).

Ps.: se você tem sentido que um dos polos está intenso demais (muito sensível emocionalmente ou muito racional distante afetivamente), busque ajuda profissional. O processo de psicoterapia pode ser um espaço de desenvolvimento pessoal seguro e acolhedor para te ajudar. Clique aqui para que possamos conversar!

Abraço carinhoso,

Mari

Burnout: por que este diagnóstico tem sido cada vez mais frequente?

Sou nascida e criada em São Paulo. Vivi na periferia, onde a realidade é dura, quando falamos sobre acesso aos grandes centros. Duas horas, ou mais, para ir. Duas horas, ou mais, para voltar. Cresci assistindo ao esforço de trabalho do meu pai, marceneiro, fazendo de tudo para colocar comida na mesa. E da minha

Leia Mais »

Imigrar: nem tudo são flores e a saúde mental é um ponto de fragilidade

“A maioria das pessoas pensa que morar fora é luxo, flores o tempo inteiro. Muitos acham que a minha vida é perfeita!” Há alguns anos, atendo brasileiros que vivem fora do país. Neste período, perdi as contas de quantas vezes ouvi frases como esta. Países diferentes, culturas diferentes, famílias diferentes, mas a sensação é sempre

Leia Mais »
×