Autoestima e seus altos e baixos: entenda comigo esse sentimento

Quando penso em autoestima, três perguntinhas me vêm à mente: (1) “O que eu sei sobre mim e como me avalio?” (2) “ Como eu me sinto com o que eu sei sobre mim?” e (3) “O que eu faço com o que eu sei e sinto sobre mim?”.

Explico. A autoestima, de maneira geral, envolve três grandes pilares: autoconceito, amor próprio e autoconfiança. O autoconceito diz respeito ao que eu sei sobre mim, a quem eu sou e em como eu me defino. O amor próprio está mais relacionado aos sentimentos que temos sobre nós, sobre o que sabemos sobre nós. Envolve como nos sentimos quanto ao nosso valor, nossas qualidades e também os nossos defeitos.

Finalmente, a autoconfiança. Esta é a parte prática da coisa, sabe? Munidos de um autoconceito forte e um amor próprio bem desenvolvido, é inevitável não nos sentirmos orgulhosos de nós mesmos, das nossas ações e conquistas. A autoconfiança envolve as ações e comportamentos baseados no que sabemos e sentimos sobre nós. Quando estamos confiantes, sentimos que nada pode nos parar, independentemente do que seja. Já se sentiu assim alguma vez?

Importante eu destacar que todos estes conceitos são bastante abstratos, não há problema nenhum, se você sentir uma certa confusão. Trocando em miúdos, autoestima é fluida e pode variar muito por conta da forma como nos avaliamos, nos percebemos e, de acordo com o que sentimos a respeito de nós mesmos.

Não se apegue a essa sopa de letrinhas, cheias de “autos”. O importante é ter clareza sobre a dimensão e importância de olharmos com cuidado para a nossa autoestima. Ela não é somente sobre aparência e autocuidado, ela é sobre como nos encaramos verdadeiramente.

Desenvolver a autoestima é fundamental para o nosso desenvolvimento pessoal como um todo. Quando saudável – a autoestima -, nos potencializa, traz tranquilidade e equilíbrio. Ela dá ritmo às nossas ações. Quando fragilizada, machuca, dá aquela sensação de que falta algo, de que não somos bons o suficiente… E não é o que queremos para nós, não é mesmo?!

Quando nutrimos bons sentimentos sobre nós mesmos, nos sentimos capazes e valiosos. No entanto, quando a nossa autoestima não está “nos melhores dias”, o contrário acontece. Nos sentimos inseguros, incapazes e zero confiantes. É natural que nossa autoestima oscile, porque ela é um sentimento. Mas, não é saudável permanecermos num ciclo profundo de baixa autoestima.

“Mari, mas e se eu sinto minha autoestima baixa quase sempre, e agora?”

Vamos, então, falar sobre o looping da baixa autoestima!

Chamo de “looping da baixa autoestima” aquele pensamento cíclico e redundante: “Tenho dificuldade para realizar o que eu desejo porque sou insegura e tenho a autoestima baixa” e “Ah, minha autoestima é baixa porque eu não me sinto segura para realizar o que eu desejo…”.

Percebe como esses pensamentos são redundantes e pouco explicativos? Quando vivemos a sensação de baixa autoestima, caímos num poço desconfortável e confuso. Andamos em círculos. A verdade é que alegar que tem dificuldade para fazer algo, por conta da baixa autoestima, não explica nada. Assim como, alegar que tem baixa autoestima porque não se sente seguro para realizar algo, também não explica nada.

Este ciclo que parece não ter saída é muito comum. Muitas pessoas – muitas mesmo – chegam ao consultório perdidas dentro desse looping e angustiadas por não estarem vivendo a vida como desejam. Se sentem presas numa narrativa que não oferece possibilidades de mudança.

Por isso, como terapeuta, meus esforços consistem, então, em ajudar essas pessoas a tentarem compreender como esse looping começou. O que eu mais escuto, é a seguinte frase: “Ah! Já faz muitos anos que sinto assim, desde a infância…”. É comum também as pessoas não saberem precisar ao certo quando se depararam nesse movimento angustiante. Apenas dizem: “Ah, eu sempre fui assim…”.

Ouvindo diversos relatos semelhantes, percebo que há um padrão de evitação bastante intensonnas pessoas que vivem este looping. Evitam o risco, evitam o frio na barriga, evitam errar, evitam se expor, evitam falar, evitam propor, evitam defender… evitam. São tantas as decisões e escolhas que deixam de fazer que não há outro resultado, senão fortalecer o looping!

Como rompemos com esse ciclo, afinal? 

Dando um curto-circuito nele!

É isso mesmo! Para quebrarmos esse ciclo é importante darmos um curto-circuito nesse sistema que, muitas vezes, está operando há anos. Dar o curto significa agir diferente, na contramão da tendência evitativa. Significa topar desafios, significa se expor, apresentar ideias, arriscar, se envolver, tentar, pedir, se colocar, defender, propor… em linhas gerais, a ideia é: sair do porão!

Claro, não é confortável dar o curto-circuito. Vai dar medo, afinal de contas, são anos agindo com esse mesmo padrão. É aí que o desafio começa a acontecer! A ideia é ir com medo e com frio na barriga mesmo. Dará vontade de desistir? Sim! Dará medo do que vão pensar? Sim! Vai morrer de vergonha? Não, porque vergonha não mata! Vai ter ansiedade? Provavelmente.

Mudar nunca é confortável, admito. Mas sabe o que é melhor? Assim que o curto entra em ação, novas sensações começam a roubar a cena e fazem tudo valer a pena: satisfação, prazer, segurança e orgulho. Pode até parecer mágica, mas é puro esforço!

Em linhas gerais, a mensagem que eu quero lhe deixar é a seguinte: para que você possa conquistar sentimentos positivos em relação a sua autoestima, é muito importante que você saia do porão. Viver no looping é perigoso, porque faz com que nos tornemos vítimas de nós mesmos. Claro, cada um de nós viverá desafios diferentes. Para você, levantar a mão e expor uma ideia no seu trabalho, pode ser um super ato de “curto circuito”. Para um outra pessoa, aprender a falar não e colocar limites em alguma relação, pode ser um super ato de “curto circuito”. Por isso, busque suporte profissional, para te ajudar a entender mais profundamente como este looping se instalou em sua vida e, juntos, planejem ações para  acabar de vez com este ciclo tão danoso.

Porque sim, é possível construir uma autoestima saudável. Acredite!

Com carinho,

Mari

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