“Meu médico recomendou que eu fizesse Terapia Cognitivo Comportamental!”
Esta é uma das mensagens que mais recebo, ao conversar com diversas pessoas, todos os dias, no whatsapp. Todas elas estão interessadas em fazer psicoterapia e cuidar de suas questões. A maioria chegou por indicação de um outro profissional da saúde como, por exemplo, um psiquiatra. Seguindo as indicações do profissional que encaminhou, buscam pela abordagem da Terapia Cognitivo Comportamental. O que muitos pacientes não sabem é do que se trata este tipo de abordagem. Também não têm ideia do universo que é a Psicologia.
Mas eu decidi escrever este post para te ajudar, de forma simples, a entender tudo isso.
A Psicologia é, na verdade, “As Psicologias”
Talvez te dê um nó na cabeça, mas eu juro que não é a minha intenção! Esta é uma informação importante para compreender o desfecho da mensagem que eu quero te passar. A verdade é que “a Psicologia” que tanto falamos, na verdade, se trata de “muitas Psicologias”. Isso porque, dentro deste campo de conhecimento, nós temos muitos modelos explicativos diferentes. Na tentativa de compreender o comportamento humano, muitos pesquisadores construíram “escolas” e caminhos diferentes de pensamentos.
Começamos lá trás com as contribuições de Freud e sua proposta Psicanalítica e, desde então, muitos outros pesquisadores contribuíram para o crescimento desta grande área de estudo que é a Psicologia.
O grande desafio é que, mesmo com objetivos muito semelhantes, diferentes pesquisadores caminharam por vias explicativas muito diferentes. Enquanto Freud, por exemplo, ancorou a compreensão do comportamento humano no “inconsciente”, escolas mais modernas como as ditas “Comportamentais” explicam o comportamento através da interação com o ambiente.
Num esforço de tentar tornar a Psicologia uma ciência, como outras áreas de conhecimento como a Medicina, por exemplo, muitos pesquisadores se dedicaram a investigar os conteúdos teóricos por meio de métodos científicos. Sendo assim, o guarda-chuva das terapias comportamentais passou a dialogar mais com áreas de conhecimentos vizinhas como, Biologia e Medicina, por exemplo.
Veja bem, estou fazendo um esforço bastante intencional, para te poupar da longa história da Psicologia. No entanto, até aqui, é importante que você entenda que dentro desta área de conhecimento, nós temos formas diferentes de encarar o mesmo fenômeno (o comportamento humano).
O que é o guarda-chuva das terapias comportamentais?
Com os avanços das pesquisas no campo da Psicologia, algumas abordagens se destacaram, ou seja, fizeram um esforço maior em busca de validar sua eficácia nos termos científicos. Duas “escolas” diferentes ganharam força: a escola cognitiva e a escola comportamental. E, apesar de algumas diferenças teóricas importantes, na prática, o manejo terapêutico das duas sempre foram muito afins.
Diferente do que acontece no Brasil, nas universidades norte-americanas, pesquisadores destas duas escolas sempre atuaram de forma muito próxima, de tal modo que a diferença entre uma e outra não é uma preocupação tão relevante. Os departamentos nas grandes universidades, por exemplo, se referem ao grande guarda-chuva das “terapias cognitivo e comportamentais” e não um e outro. Na verdade, os pesquisadores estão mais interessados em validar processos científicos do que discutir sobre abordagens.
Atualmente, com a evolução destas duas escolas, o estreitamento entre seus princípios e práticas têm se tornado uma realidade. Nós, Psicólogos Clínicos, interessados em promover atendimento de qualidade e respaldado cientificamente, precisamos nos atualizar recorrentemente, de modo a beber da fonte de todo este guarda-chuva: terapia comportamental clássica, terapia cognitivo comportamental clássica, terapias contextuais, terapia do esquema etc.
Diferente de outras escolas da Psicologia como, por exemplo, as abordagens Psicodinâmicas (Psicanálise, Analítica, Gestalt etc), os dados de eficácia tendem a apontar com maior frequência as estratégias utilizadas pelas Terapias Cognitivo Comportamentais. Como não é surpresa para ninguém, devo salientar que a maior parte dos dados científicos são produzidos na cultura norte-americana.
É por isso que nos artigos científicos de Medicina, por exemplo, as recomendações para Psicoterapia são descritas como: “os dados apontam que o tratamento com maior eficácia para transtornos ansiedade é o uso de antidepressivos da classe x, y e z, associado com Terapia Cognitivo Comportamental.”.
Construí todo este raciocínio, para chegarmos exatamente aqui!
Achei importante construir este pano de fundo, para te contar que nossos médicos recomendam “Terapia Cognitivo Comportamental” porque esta é a recomendação contida na maior parte da literatura que eles consomem. Quando estudam sobre o tratamento para qualquer tipo de transtorno, é com muita recorrência que encontram este tipo de indicação.
No entanto, aqui temos um aspecto muito importante. Ao buscar um profissional da Psicologia Clínica para iniciar o seu processo de terapia, não “descarte” os terapeutas comportamentais, porque o seu médico recomendou “terapia cognitivo comportamental”. Te digo isso porque, todos nós fazemos parte do mesmo guarda-chuva, mas os profissionais da Medicina não são obrigados a saber de toda esta história da Psicologia. Eles apenas seguem as recomendações encontradas na literatura científica.
Como aqui no Brasil, costumamos diferenciar estas duas escolas, talvez você encontre um excelente profissional que se intitula “Terapeuta Comportamental”, mas você o descarte, porque não é “Cognitivo”. Penso que seja importante te lembrar que: ser um terapeuta cognitivo ou comportamental, não garante experiência com todas as demandas.
Te aconselho, por bem, ao entrar em contato com um Terapeuta Comportamental ou Cognitivo questionar: “você tem experiência no tratamento de pacientes com obesidade/ TDAH / bipolaridade / ansiedade / TOC / depressão / etc ?”. Esta sim é a pergunta mais adequada, quando você estiver buscando um terapeuta para o tratamento de algum transtorno.
Mas que não tenho nenhum transtorno diagnosticado, então qual tipo de abordagem eu devo buscar?
Sou suspeita para falar uma vez que toda a minha formação ( e da minha equipe ) aconteceu dentro deste “guarda-chuva”. Mas independente das minhas preferências, acho importante respeitarmos o movimento e direção que a ciência tem percorrido. Neste sentido, as terapias cognitivo e comportamentais são as que têm demonstrado maior dado de eficácia, inclusive no manejo de questões comuns na vida cotidiana como, por exemplo: relacionamentos interpessoais no geral, desafios de comunicação, produtividade, autoestima e autoconhecimento.
Gosto sempre de lembrar, a todos que entram em contato comigo, que os dois pilares centrais deste estilo terapêutico são: Autoconhecimento e Mudança Comportamental. Por isso, se você está buscando terapia para melhorar sua qualidade de vida e aprender mais sobre você e seus padrões de comportamento, sim, a Terapia Cognitivo Comportamental ou Terapia Comportamental são uma ótima pedida!
Se você busca avaliação, diagnóstico e/ou tratamento para algum tipo de transtorno, como falei durante todo o post: Terapia Cognitivo Comportamental ou Terapia Comportamental são a melhor indicação cientificamente falando.
Abordagem não garante qualidade
Para finalizar, importante lembrar que: abordagem nenhuma garante qualidade. A Psicoterapia/terapia é um processo muito complexo que demanda, sobretudo, um bom vínculo terapêutico. Por isso, é importante que você encontre um profissional que seja preparado teoricamente, mas que você sinta confiança, segurança e consiga “se entregar”. Não há nenhum dado científico, abordagem ou técnica que faça um processo terapêutico ser produtivo, sem que haja exista um bom vínculo terapêutico.
Também é importante relembrar que a terapia é um processo voluntário. Para que tenha eficácia e te ajude a promover mudanças em sua vida, é importante que você esteja disponível e haja comprometimento com o processo em diversos sentidos: na frequência das sessões, na abertura para tratar de temas difíceis e na prática dos “combinados” feitos em sessão. Mudança comportamental é um desafio. Não é simples e não é fácil. Por isso, requer abertura e comprometido do paciente, bem como capacidade técnica do profissional.
A terapia é um processo de desenvolvimento pessoal, se você deseja mergulhar neste processo, me coloco à disposição para te ajudar. Basta clicar aqui, para que possamos conversar.
Um abraço carinhoso,
Mari