Sempre que recebo um novo contato, de alguém buscando informações sobre meu trabalho, uma das primeiras perguntas que faço é: “você já fez psicoterapia antes ou é a primeira vez?”. Esta não é uma pergunta qualquer, estou genuinamente interessada em saber o quanto você conhece do universo da Psicologia Clínica.
A verdade é que eu sei o quanto a Psicoterapia pode ser abstrata para a maioria das pessoas que nunca passaram por este processo. Sempre brinco que uma das partes mais difíceis do meu trabalho, é explicar o meu trabalho. Tenho consciência, não é simples entender como uma conversa entre duas pessoas pode ser tão transformadora e, em algumas situações, pode até salvar vidas. Muitas pessoas ainda se perguntam se não é a mesma coisa que conversar com uma pessoa de confiança.
A forma que encontrei para explicar um pouco mais sobre como a Psicoterapia funciona, foi através de uma metáfora. Para isso, usei a minha experiência profissional, mas, sobretudo, a minha experiência como paciente/cliente (sim, Psicólogos também fazem terapia!).
Uma grande jornada
Aos meus olhos, a Psicoterapia é uma grande jornada de desenvolvimento pessoal. Vivenciar o processo de psicoterapia tem a ver com percorrer alguns caminhos muito importantes. Apesar de percorrermos muitas vias, gosto de destacar duas principais: a Via do Autoconhecimento e a Via da Mudança Comportamental.
A Via do Autoconhecimento é percorrida desde a primeira sessão de terapia. Percorrer esta via quer dizer, em linhas gerais, que é preciso sair do automático. É através deste caminho que o paciente ampliará a consciência sobre seu próprio funcionamento. Entenderá mais sobre seus padrões de comportamento, valores pessoais, modo de pensar e sentir, modo de se relacionar e, inclusive, compreenderá, mais profundamente, como a sua história de vida construiu a pessoa que é hoje. Percorrendo as ruas do Autoconhecimento, algumas habilidades serão aprendidas: habilidades de se observar, analisar, interpretar e acolher.
Paralelamente, a Via da Mudança Comportamental está sendo percorrida, também. Neste percurso, estou falando sobre “colocar a mão na massa!”. Como podemos mudar o que precisa ser mudado? Existem técnicas para ajudar o paciente a colocar mudanças em práticas. A ciência da Psicologia nos ajuda a fazer mudanças de forma mais segura e organizada. No entanto, é muito importante que estas mudanças façam sentido para o paciente.
Por isso, apesar do meu esforço didático em separar estas duas vias, a verdade é que ambas acontecem juntas e misturadas! A Via do Autoconhecimento e a Via da Mudança Comportamental se esbarram o tempo inteiro, até mesmo porque uma depende da outra. É por meio do processo de autoconhecimento, que paciente e terapeuta descobrem quais habilidades e comportamentos precisam ser aprendidos. É na história de vida que está a resposta. Quais habilidades não foram aprendidas e hoje são necessárias? A resposta desta pergunta dá abertura aos processos de mudança comportamental.
O contrário também é verdadeiro. Quanto mais “mão na massa” o paciente coloca, mais descobre sobre si mesmo. Quanto mais mudanças tenta colocar em prática, mais compreenderá sobre suas potencialidades e seus limites. Por isso, repito: autoconhecimento e mudança comportamental são dois processos que andam juntos e misturados.
O papel do profissional
Ao longo desta jornada, a companhia de um profissional competente faz toda a diferença. Acredito muito que a terapeuta tem a função de ser “a lanterna” no processo de autoconhecimento. De modo a ajudar o cliente a ampliar sua consciência e, pouco a pouco, montar o seu próprio quebra-cabeças. Nem sempre é fácil mexer “no baú” da história de vida. Para muitas pessoas, o baú esconde dores profundas e cicatrizes que ainda doem. Por isso, a terapeuta cuidará deste processo, de modo acolhedor e responsável.
Quando falamos da “mão na massa”, a terapeuta passa a exercer outra função muito importante. Como “tutora” do processo de mudança e aprendizagem, a terapeuta ajudará cada paciente a aprender novos comportamentos de forma cuidadosa e estratégica. Pouco a pouco, monitorará a aprendizagem comportamental de novas habilidades e, juntos, lidarão com os obstáculos e dificuldades encontrados pelo caminho. Porque você sabe, assim como eu, que mudar não é fácil e nem linear!
Mudanças comportamentais exigem cuidado e planejamento. Por isso, faz toda a diferença passar por esse processo na companhia de um profissional com preparação adequada. Bater-papo com um amigo/colega, definitivamente, não é a mesma coisa, concorda?
A relação terapêutica
Veja bem, todo esta jornada não acontece no vácuo! Há um contexto muito importante que fornece o “pano de fundo” para toda esta transformação. Este contexto se chama Relação Terapêutica. Ou seja, o vínculo que se constrói entre terapeuta e paciente.
Considero que a Relação Terapêutica bem construída é a chave para que esta jornada seja promissora. É claro, um bom vínculo terapêutico não é construído da noite para o dia. Como qualquer vínculo requer tempo e abertura de ambas as partes. Mas, quando há intimidade e confiança, o processo de psicoterapia é elevado a outro nível.
O que eu quero dizer com isso?
Quero dizer que o sucesso da terapia, dentre diversas variáveis, perpassa pela qualidade da relação terapêutica. Por isso, é muito importante que o paciente esteja aberto e entregue ao processo. Fazer terapia está longe de ser apenas o movimento de “ir à sessão”. Muito pelo contrário! Fazer terapia quer dizer, na verdade, que o paciente está aberto a vivenciar os desconfortos de uma relação interpessoal vulnerável, se expondo, e vivenciando abertamente os desconfortos do autoconhecimento e da mudança.
Obviamente, cada paciente passará por este processo num ritmo diferente. Não existe nenhum processo igual ao outro. Cada paciente tem o seu ritmo e nós terapeutas somos preparados para reconhecer o ritmo de cada um. A verdade é que não importa a velocidade, o que importa mesmo é a disponibilidade e entrega para o processo.
A transformação
Não existe milagre, nem falsas promessas. O processo de psicoterapia é muito sério e deve ser levado com comprometimento e empenho. Evitar cancelamentos e faltas, é o mínimo para que as sessões tenham uma cadência. Mas, para além disso, é importante vivenciar a Psicoterapia entre as sessões. Pausando. Observando. Tirando a vida do modo automático. Cumprindo os exercícios propostos em sessão. E, pouco a pouco, expandindo suas próprias percepções.
É assim que, a cada sessão, o paciente vivenciará uma metamorfose. Pouco a pouco, se perceberá diferente e mais conectado consigo mesmo e com sua vida. Devagarzinho, experimentará as primeiras mudanças em suas ações, e sentirá mais bem-estar. Quando perceber, estará recebendo feedbacks positivos, de pessoas queridas, apontando “nossa, como você mudou!”.
Por mais que a terapia pareça “abstrata”, seus resultados não são nada abstratos. Obviamente, junto com esses feedbacks, muitos resultados “palpáveis” são alcançados. Te dou alguns exemplos: o cliente que era muito explosivo, passa a ter um relacionamento amoroso estável; o cliente que tinha problemas de produtividade, passa a ser bem reconhecido na empresa; a cliente que tinha dificuldade de se posicionar, pleiteia e conquista seu aumento salarial; a cliente que dizia ser muito ansiosa e insegura, passa a enfrentar os desafios do dia a dia, sem paralisar…
É assim que “a mágica” acontece. Que de mágica não tem nada. Com muita dedicação, compromisso, empenho e coragem de fazer diferente. A transformação é vivida, para quem está disposto a abraçá-la. Mesmo com medo. Apesar do medo.
Acho tão linda esta jornada!
Se você quer conhecer um pouco mais de como a terapia pode te ajudar a transformar a sua história, entre em contato comigo, clicando aqui. Será um prazer conversar contigo!
Abraço carinhoso,
Mari
PS.: Está pensando em agendar uma primeira sessão para conhecer, mas está com receio deste primeiro encontro? Escrevi um outro post, com muito carinho, para te ajudar neste momento. Basta clicar aqui, para ler.